quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sem Tempo...

Sem Tempo

É das poucas coisas da Vida
Que mais pura se mantém
Por mais que nos falte o tempo
Não se compra Tempo a ninguém!

Temos a nossa "medida"
Que nos foi dada ao nascer
E por mais que a gente faça
Para "aumentar" nossa taça
Não se vê Tempo a crescer!

E ao chegar a tal hora
De as contas ajustar
Lá vamos! E sem demora
Pois há julgamento agora
Sem ninguém p'ra ajudar!

E sozinhos enfrentamos
Um Juíz, imparcial
Sem desculpas, nem enganos
No que fizemos em anos
Para o Bem e para o Mal!

Amigos, não se iludam!
Não adianta pensar
Que tudo o que fazemos
E depois nós esquecemos
Já não serve p'ra julgar!

Entra tudo em conta certa
E pesado em balança
Desde a mão que se aperta
Quando o coração desperta
Ao sorriso de Criança

Letinha
Ano 2006

Noite!



Noite


No silêncio da casa

Silêncio profundo

Parece que estou

Sozinha no Mundo

As saudades avivam

O pensamento voa

No escuro da noite

Até o silêncio soa


Toda a vida já passada

Regressa em frenesim

Não dá p'ra fugir dela

Ela está dentro de mim

E revivo a vida

Passada, Presente

Sensações saudosas

De quem muito sente


E sinto a presença

Dos entes queridos

Mesmo que tenham

Há muito partido

E sinto que a noite

Apesar de sombria

Minha amiga se torna

Não a sinto vazia!


E gosto da noite

Silenciosa e escura

Onde revivo o Passado

Com tanta ternura....


Noite...

No silêncio da casa....


Letinha

10/08/2005

domingo, 27 de janeiro de 2008

Perdida!



Perdida!


Perdida em sentimentos

Sem bússola p'ra me guiar

Vou seguindo rumo aos ventos

Deixando-me assim levar...

Já passei por alguns portos

Braços de rio...ou mar

Mas sem leme a dirigir...

Vou-me deixando levar....


Os cabos e seus faróis

Vejo, de longe, passar

Mas sem velas recolhidas

Vou passando nesta vida

Sem tempo para parar

E vou-me deixando levar...


A viagem iniciei...

Muito eu já viajei

Sem tempo p'ra descansar

Sem bússola ou mapa na mão

Vou seguindo o coração

Meu piloto de além-mar!

E vou-me deixando levar...


E como meu capitão

Tenho a profunda Saudade

Que junto do coração

Recordam com emoção

Toda a minha mocidade

Não sei quando vou parar...

mas vou-me deixando levar!!!


Viagem da minha Vida

Que iniciei ao nascer

Muitas vezes estou perdida

Sem porto p'ra me valer

Viagem da minha Vida

Que me irá acontecer?


Letinha

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Onde pára a Liberdade?

Liberdade!!!

Que grito é esse que oiço
Ecoando pelos Tempos
Chamando p’la Liberdade
Que dura poucos momentos

Só gostava de saber
Onde pára a Liberdade
Quando vivemos escravos
Do que diz a Sociedade!

Já se não usa chicote
Nem grilhetas em nossos pés
Agora somos escravos
Do que sou e do que és!

Dependemos da vontade
Do Dinheiro, que é senhor
Do Respeito e Dignidade
Do trabalho e do suor

Quem grita que somos livres
Não está no seu juízo
Pois não é só poder falar
Que p’ra ser livre, é preciso!

Outros direitos do Homem
Que é livre de coração
São não ter de mendigar
P’lo trabalho e pelo pão!

Ter o trabalho escolhido
Usar a nossa consciência
Não se sujeitar a serviços
Que ultrapassam a decência

Continuamos a ter amo
Na escravatura actual
Não tem cor, nem é Humano
É apenas o vil metal


Meus Amigos, não se enganem
Escravos continuamos
Da Sociedade inumana
Que nos explora, há muitos anos!

Letinha

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Maravilhas

Maravilhas!

Há coisas no nosso Mundo
Que nos dão grande prazer
Um por de Sol em silêncio
Ou a claridade do nascer....
Outras coisas nos alegram
Deixando a mente feliz
Uma risada sincera....
Na boca de um petiz!

A música é outra coisa
Que ecoa cá na alma
Seja alegra e ritmada
Seja dolente e bem calma
E o nosso coração
Ao compasso de um som
Bate, voa, sai do peito
Parece sentir o tom...

E sem querer, todo o corpo
Se balança com prazer
Mexe, salta, rodopia...
Mesmo sem o nosso querer...

Música...A companheira
Duma alma agitada
Que muda a disposição
Ao ouvir uma toada
Se a alma triste está
O ritmo a vem alegrar
Se agitada se encontra
Um bolero p'ra acalmar....

Letinha

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Dádiva de Agosto

Dádiva de Agosto




A poesia de quem sente
E vive, com gosto, a Vida
Dádiva muito querida
Que me deram num Agosto!
E mais me deram meus pais
Desde Amor a Educação
Que Saudades dessa união
Que perdi e não tenho mais!

Resta-me a poesia
Que me deixaram também...
Minha mãe rimas fazia
Como ela rimava bem!
Meu pai...ah! meu pai
Amigo de muito querer...
Que falta me faz aquele
Que me ensinou a viver!

Ambos se foram, um dia
Sem espaçarem o tempo
Deixaram-me sem um alento
Numa triste melodia...
É da memória que fica
Presa no fundo da alma
Que hoje tiro a genica
Que me enleia e me acalma

E eles vivem comigo
Nos actos e no sentir
E por isso ainda digo
Nunca me vou despedir!

Letinha
2006

domingo, 13 de janeiro de 2008

Fechando os olhos!


Fechando os olhos

Quem não tem vida passada
Da velhice sente medo
Eu p'ra lá vou caminhando
Mas guardo comigo um segredo!

Quando penso na idade
Que passa por mim sentida
Cerro meus olhos e recordo
O que foi a minha vida!
Isto não é masoquismo
Eu tenho a capacidade
De recordar outros tempos
De reviver a mocidade...

E "vejo-me" ainda jovem
No Liceu a estudar
Com a bata p'los joelhos
Senão, não podia entrar...
Vejo as salas, as escadas
Vejo o pátio e o jardim
Recordo o que dá prazer
Eu gosto de ser assim...

Vejo a rua onde morava
Vejo a loja onde então
Sempre a correr, descuidada
Eu ia comprar o pão...
Vejo os amigos de outrora
Com quem ficava à conversa
Vejo minha mãe zangada
Porque eu nunca tinha pressa!

E sempre de olhos fechados
Eu consigo ainda sentir
A sensação de alegria
Quando ao cinema podia ir!
Vejo as vezes que andava
Atrás do pai, que coitado
Com paciência me aturava
E nunca ficava zangado!

Se os olhos são da alma
As janelas para o Mundo
Fechando-os consigo ver
Toda a Vida num segundo!
E por isso, muitas vezes
Parecendo adormecida
Acordada estou e contente
Por voltar a outra Vida!

Letinha

sábado, 12 de janeiro de 2008

Arco-Íris

Arco-íris

Se eu fosse um arco-íris
Antes do ano acabar
Pintaria as emoções
Para a Vida alegrar...

De vermelho, cor de sangue
E também de coração
Pintaria o Amor
Salpicado de Paixão

Com o alaranjado
A Ternura ia pintar
Pois junto ao coração
Foi onde fez o seu lar

De amarelo, a Alegria
De viver sempre a sorrir
De esperar melhores dias
Sem pensar em desistir

E a Esperança tem cor
É verde a coloração
Com o vermelho do Amor
É a bandeira da Nação

Com a cor anil, tão suave
A Calma ia pintar
Deixando os olhos perdidos
Nas profundezas do mar

A Saúde, bem precioso
De azul lhe dava a cor
É cor do céu majestoso
E da Vida sem ter dor

De violeta era a Saudade
Essa emoção tão presente
Que entristece e alegra
Quem a Saudade sente!

E com todas as cores juntas
Um arco-íris de Amor
De sentimentos bem fortes
Que dão à Vida o Valor!

Letinha

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Sou Mulher!

Sou Mulher

Sou mulher e digo tudo
O que tenho p'ra dizer
Ganhei bem esse direito
P'lo que a Vida me fez sofrer!

"Nasci" como companheira
De Adão já sem juízo
Pois diz que foi enganado
P'la Eva no Paraíso

Fui força espiritual
Quando o Homem já sem tino
Chorava desesperado
Traído pelo Destino

Fui mãe
Que deu do seu peito
A seiva que alimenta
Que sofre muito a seu jeito
Dos filhos toda a tormenta

Fui força para o trabalho
Quando vivia em escravidão
E me humilhavam bem fundo
Tratada pior que um cão

Fui soldado na defesa
Do lar que os filhos criava
Lutando com a firmeza
De quem p'la Vida lutava

Fui vítima de guerras tristes
Dando, p'los meus, a Vida
Fui batida, fui sovada
E fui também esquecida

Fui tratada por idiota
Sem direito à instrução
Fui calada e afastada
Dos pontos de decisão

Fui chamada de Diabo
Que nasceu para tentar
Os pobres homens honestos
Que nos queriam apanhar

E hoje?Que sou agora?
Sou mãe e companheira
Professora e engenheira
E em qualquer profissão
Mostro responsabilidade
Provando que a liberdade
Não esfriou o coração.....

Letinha

Que cantas tu?

Que cantas tu?

Que cantas tu, meu poeta
Com o coração a sangrar?
- Canto a Humanidade perdida
Esquecendo que a Vida
É p'ra viver e Amar!

Que cantas tu, meu poeta
Que mal se escuta a tua voz?
- Canto a tristeza do Mundo
Lembrando a cada segundo
Que não estamos tão sós!

Que cantas tu, meu poeta
Com os olhos rasos d'água?
- Canto a fome das crianças
Que vivem sem esperanças
Sentindo fundo a sua mágoa!

Que cantas tu, meu poeta
Com essa face tão triste?
- Canto a destruição
De quem não quer dar a mão
Salvando o que ainda existe!

Que cantas tu, meu poeta
Com a alma a sonhar?
- Canto cheio de esperança
Que o Homem volte a criança
E que aprenda o verbo Amar!

Que cantas tu, meu poeta
Que não páras de escrever?
- Canto com a firme intenção
De acordar o coração
Do Homem que quer viver!

Meu poeta, meu cantor
Das desditas desta Vida
O teu canto é como a flor
Que na Primavera dá cor
Mas no Verão está perdida!

Não páres o teu cantar
Pois no Mundo há que teimar
P'ra mudar os corações...
É a própria Natureza
Que nos dá esta certeza
Ao rodar as Estações!

Letinha
12/11/2005

Fogo!

Vivo numa zona de Portugal conhecida pela "Zona do Pinhal".
Todos os Verões, o sobressalto aparece na alma desta gente simples, que vive da floresta: o Fogo!
Da minha varanda, assisto impotente, à destruição de uma das maiores riquezas da Humanidade... a Floresta


Fogo!!!

Pinhal verde, cheio de vida
Que os nossos olhos regala
Sombra fresca, apetecida
Silêncio que nos embala....
Rio claro, que anima
Um pinhal cheio de vida
Sossego bem merecido!
Paisagem muito querida!

De repente, tudo muda!
Há quem não saiba viver!
E apenas num minuto
Coloca tudo a perder!
O fogo, esse maldito
Quando não é controlado
Destrói tudo onde passa
Deixa tudo desolado!

É triste ver o recanto
Desse pinhal tão querido
Ficar em cinza, cinzento
E por muito tempo, perdido!

E aquela gente que vive
Desse recanto tão lindo
Que cuidou toda uma vida
Cala um desgosto infindo
Por tanta vida perdida!!!

Letinha

23/07/2005